A agenda dos Diálogos Sustentáveis, os painéis de alto nível que acontecerão de 16 a 19 de junho, às vésperas da Rio+20, já estão definidos: são nove assuntos, que vão da segurança alimentar a empregos verdes e migrações. A novidade é a dupla abordagem do desenvolvimento sustentável: de um lado será discutida a erradicação da pobreza, como perspectiva de longo prazo; mas o desenvolvimento sustentável será ainda tratado como ferramenta de curto prazo, para enfrentar a crise econômica.
Os nove grupos de temas foram anunciados ontem pelo diplomata Antonio Ricarte, representante do Brasil no Pnuma, o Programa de Meio Ambiente da ONU, que tem sede em Nairóbi, no Quênia. Quase todos vêm qualificados como “sustentáveis”. Os temas são: segurança alimentar; desenvolvimento sustentável para erradicação da pobreza; desenvolvimento sustentável para enfrentar a crise econômica; energia sustentável para todos e inovação; água; oceanos; economia para o desenvolvimento sustentável – produção e consumo sustentáveis; cidades sustentáveis e inovação; desemprego, empregos verdes e migrações compõem o último grupo.
O brasileiro Aron Belinky, coordenador de processos internacionais da ONG Vitae Civilis, falou no mesmo painel sobre as dúvidas da sociedade civil em relação aos Diálogos com a Sociedade Civil. “A expectativa é que estes diálogos sejam relevantes no contexto da conferência, mas há muitas dúvidas sobre o processo que precisa preceder esses dias”.
A iniciativa, que partiu do governo brasileiro, é promover encontros com especialistas renomados em cada uma dessas áreas e fazer com que as sugestões do debate inspirem os resultados da cúpula, de 20 a 22 de junho. A intenção é montar uma ponte entre os chamados Major Groups (empresários, povos indígenas, agricultores, sindicatos, mulheres, jovens, ONGs e governos locais) e os governos nacionais, que decidem os rumos das reuniões da ONU.
“Essa pode ser uma oportunidade muito mais interessante do que simplesmente fazer protestos na rua”, diz Belinky. “O problema é que, se esse processo não for bem preparado, pode ser muito frustrante e confundir a opinião pública.” A sociedade civil quer saber, por exemplo, como pode participar da preparação dos Diálogos, quem serão os palestrantes e como serão selecionados, qual o papel dos governos na iniciativa e se os resultados destes debates poderão ser incluídos no documento final da Rio+20. “O importante, na nossa opinião, é não transformar os Diálogos apenas em “talking shows””, diz Belinky.
Fonte: Valor Econômico
Data: 22/02/2012
Ulisses Girardi
Diretor do Grupo Visafértil
Informações:
contato@ulissesgirardi.com.br
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