Compostagem – Vantagens Sociais e Ambientais

Compostagem – Vantagens Sociais e Ambientais

Na edição anterior a revista Las. Los publicou: “Compostagem: Destino Nobre e Sustentável do Resíduo Orgânico doméstico”. Não há a menor dúvida que a compostagem é uma solução sustentável, inteligente, adequada e definitiva, pois transforma os resíduos orgânicos em um adubo de qualidade, rico em substâncias húmicas e nutrientes que alimentam as plantas, recuperam solos degradados, melhorando as estruturas físicas, químicas e biológicas do solo. Aumenta a produtividade, a oferta de alimentos e colabora para mitigar a fome no mundo. Dar outro destino aos resíduos orgânicos domésticos e não transformá-los em fertilizantes é um retrocesso da agenda socioambiental nacional.

Com o crescimento populacional, o Brasil deixou de ser um país predominante agrário, sua população concentra 81,25% em áreas urbanas, gerando efeitos colaterais entre os quais a geração de resíduos. Só para se ter uma idéia em 2012 os resíduos aumentaram 1,3% e a população 0,9%. Isso prova o crescimento dos resíduos produzidos no século XXI.

Vivemos na civilização do desperdício, o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano por não investir na reciclagem e compostagem. Produz mais de 32 milhões de toneladas de resíduos orgânicos, que poderiam ser transformados em fertilizantes.

São inúmeras as vantagens da compostagem, tanto social como ambiental. Economiza dinheiro, pois o reaproveitamento dos resíduos conserva os recursos naturais. É a forma mais adequada e sustentável de se promover a reciclagem/compostagem do resíduo orgânico, pois estes poderão ser reciclados e incorporados em um novo ciclo de produção e consumo, favorecendo a balança comercial, além da criação de empregos diretos e indiretos.

O Brasil possui 140 milhões de hectares de áreas degradadas, terras abandonadas (improdutivas) e que poderão ser recuperadas com adubos orgânicos, diminuindo a pressão do desmatamento.

Centenas de usinas de compostagem poderiam ser criadas e que beneficiariam a população dos mais carentes. A compostagem nos permite fazer a separação dos resíduos orgânicos nas residências em sacos compostáveis. Mogi Mirim tem um projeto piloto: Descarte Compostável – Natureza Saudável, de resíduos orgânicos domésticos, que tem como objetivo fazer a coleta seletiva dos resíduos em sacos compostáveis e transformá-los através da compostagem em adubo de qualidade. O projeto está caminhando bem. Isso mostra que existe tecnologia e inovação sustentável para os resíduos orgânicos domésticos.

Esse projeto serve de modelo para a América do Sul e já foi visitado por representantes de vários continentes. Deverá ser implantado por Mogi Mirim como exemplo para todos os municípios. Se existe uma solução definitiva adequada e sustentável porque procurar alternativas que não atende a lei nacional de resíduos sólidos nº 12 305/2010, que mostra uma maneira adequada para os resíduos? Entendo que a indicação mais adequada é a redução, reutilização, coleta seletiva, reciclagem e compostagem. Portanto, devemos adotar políticas sustentáveis aos novos tempos. Não podemos permitir que no século XXI se faça projetos retrógrados, arcaicos que não atenda os interesses sociais e ambientais. Contudo, tais resultados só poderão ser alcançados com políticas públicas, onde os responsáveis tenham uma visão que vá além de seus partidos ou mandatos, bem como uma mudança habitual e até mesmo cultural da sociedade como um todo, cuja ação deve ser uma prática dos gestores nas esferas municipais, estaduais e federais.

É inadmissível empenhar dinheiro em projetos que não beneficiem as pessoas e o planeta e sequer atenda a legislação vigente.

O momento é de mudanças e se nada for feito o custo social e ambiental continuará tirando valores astronômicos do dinheiro dos contribuintes.

Os gestores devem ter consciência que é possível fazer mais e melhor e que não podemos fechar os olhos mediante a realidade. Corremos o risco de sermos sustentáveis somente no discurso, mas a sustentabilidade só é praticada com uma gestão transparente e ética, caso contrário será mais um vexame.

Ulisses Girardi

Ambientalista e Diretor do Grupo Visafértil

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